História em Quadrinhos

IZombie: resenha com cointreau

Fiquei um tempo sem postar nada aqui no Cabaré, mas cá estou para remediar essa nerdefasta situação e nada melhor que retomar os posts do Cabaré com a resenha de uma das melhores HQ’s da Vertigo publicadas nos últimos anos: IZombie de Chris Roberson e (o sensacional) Michael Allred. A premissa da HQ é relativamente simples: Gwen Dylan trabalha como coveira, sua melhor amiga é uma fantasma chamada Ellie e seu melhor amigo, Scott, é um Terrierhomem (isso mesmo, Terrierhomem e não um Lobisomem, embora se fosse este último as coisas poderiam ser mais fáceis para Scott). Ah, e claro, Gwen é uma zumbi. Sim, Cabarenautas de plantão, uma zumbi comedora de cérebros.

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Mas aí está a graça da HQ “IZombie”. Ela é uma história cheia de elementos de terror sobrenaturais, mas com uma leveza absurdamente divertida. Toda a história se passa em Eugene, Oregon, Estados Unidos. Como já disse, os elementos sobrenaturais de terror estão todos ali: vampiras, zumbis, monstros lovecraftianos, múmias, etc, mas são os dilemas de uma jovem garota (zumbi) e seus amigos que nos prendem página a página. No começo da história em quadrinhos temos uma verdadeira história de detetive e sabem por que? Porque Gwen é uma zumbi, mas uma zumbi beeeeem distante do zumbi típico de The Walking Dead (de Robert Kirkman) ou Extermínio (de Danny Boyle). Ela pensa, interage com as pessoas, tem seus sonhos e desejos e até paqueras, mas para ter tudo isso ela precisa comer cérebros humanos de vez em quando para não se tornar, justamente, uma dessas zumbis típicas de filmes hollywoodianos ou da TV.

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Entenderam agora porque ela é coveira? Estratégica, não? Mas esse menu tem lá seu preço: ao comer um cérebro (de um recém-morto), todas as memórias dessa pessoa – além de seu espírito chato azucrinando os ouvidos dela – passa a acompanha-la para resolver alguma pendência dessa vida passada. E a diversão na leitura da HQ se dá justamente na forma como Chris Roberson e o fabuloso Michael Allred (suas ilustrações e dinâmica narrativa estão cada vez melhores) dirigem essa narrativa.

Um dos pontos altos na HQ, na minha opinião, é a forma habilidosa na qual Chris Roberson desenvolve a história da protagonista, Gwen, e a dos coadjuvantes. Diálogos surreais riquíssimos, amores possíveis e impossíveis, planos baseados na ideia de que os fins justificam os meios para deter monstruosidades lovecraftianas, descobertas pessoais (sobre sexualidade, relações de parentesco perturbadas, etc) que qualquer um e qualquer uma (seja uma vampira ou fantasma ou zumbi ou humano) poderiam estar suscetíveis aparecem de maneira engraçada e, ao mesmo tempo, séria. Como disse anteriormente, Chris Roberson inicia a HQ (publicada no Brasil pela Panini em quatro volumes) com uma história de detetive e terminou com uma típica aventura de “Sessão da Tarde”.

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IZombie foi adaptada para a TV pelo Canal CW (passa na Warner Brasil, se não me engano), mas ainda não vi. Se for minimamente semelhante no clima e desenvolvimento das personagens, tenho certeza que vale a pena fazer uma bela duma maratona na série, mas recomendo fortemente para quem quer ler uma HQ de forma despreocupada e sem grandes insights a ótima IZombie. É diversão na certa. Mais um acerto da DC/Vertigo.

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