Nas últimas semanas tenho assistido muitos documentários e, particularmente, “La Bestia” foi um dos mais tristes e perturbadores. Já ouviu falar desse documentário que, salvo engano meu, foi indicado ao Oscar? Não?! Eis a oportunidade. Antes, entretanto, gostaria de compartilhar algumas impressões. Primeiramente, é importante reforçar que os depoimentos de homens e mulheres são dolorosamente verdadeiros. São párias sociais em busca do “sonho americano”, atravessam a América Central e o México para, com sorte, entrar nos EUA. São pessoas que abandonam seus países em busca de algo melhor. Repetem, a todo momento, que o que impele cada um e cada uma é melhorar as condições sociais e econômicas de suas famílias.
É fácil saber porque. Acessem o site do Banco Mundial ou da ONU e vejam os indicadores de saúde, renda per capita, educação, desigualdade, para ficar apenas no IDH e GINI destes países centro-americanos. Os problemas de gangues, em El Salvador, por exemplo, é citado por entrevistados e entrevistadas, mas é a falta de trabalho que mais chama a atenção nas falas destes refugiados.
Outro ponto que chama a atenção é que todos sofrem, mas são as mulheres e crianças que mais sofrem. Tanto homens quanto mulheres são assaltados ao longo da tortuosa rota mortal de La Bestia, mas as mulheres ainda se encontram sujeitas a violência sexual. E não há ajuda humanitária por parte do governo mexicano. Ao contrário. O México funciona como um “guarda” da fronteira dos EUA. O único apoio que essas pessoas refugiadas recebem é de moradores e moradoras ao longo dos trilhos percorridos por La Bestia. E isso é desesperador.
Assistam. O áudio é em espanhol, mas muito compreensível. Caso assinem Netflix, o documentário está disponível e com legenda em pt.
Cabaré das Ideias 