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Meu Top 5,5 de livros científicos

Num tweet papo com a Capitã Sybylla do Momentum Saga sobre um livro do Jared Diamond que comprei recentemente (“O Mundo até ontem”), acabei pensando em quais seriam os meus 5 livros científicos preferidos. Sou viciado em Top 5 e quem me conhece minimamente (como a Capitã Sybylla me conhece e já me instigou a fazer um Top 5 – tu me paga) fico em ebulição psíquica para “preencher” esse Top 5. E no caso, ainda bem, estou com tempo para me debruçar em lembranças. Me lembro de imediato de livros de Filosofia como “O Ponto de Mutação” de Fritjof Capra que me chamou atenção para a área ambiental de maneira embrionária; também me lembro de livros de filosofia como “Ser e Tempo” de M. Heidegger, “Direita e Esquerda” de Norberto Bobbio; livros como “O Princípe” de Maquiavel e “Os Analectos” de Confúcio ou “Os Donos do Poder” de Raimundo Faoro, bem como “Física e Filosofia” de W. Heisenberg e os “Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens” de Rousseau, entre tantos outros.

Sei que esse post tem muito mais a ver com meu alter ego, mas entramos num acordo psíquico ao som de Underworld e Orbital e com um merlot “Almaúnica” produzido no Vale dos Vinhedos e vou poder manifestar nossas preferências conjuntas. Não tenho como fazer esse Top 5 pensando num livro melhor que o outro, até porque são razoavelmente diferentes e me marcaram de formas diferentes. Mas o importante, no caso, é que me marcaram no passado e me marcam até hoje, especialmente minha forma de refletir o mundo.

El Gobierno de los Bienes Comunes de Elinor Ostrom

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Se foi “O Ponto de Mutação” que me abriu os olhos para a área ambiental, foi a leitura da economista ecológica e cientista política Elinor Ostrom que me deu bases teóricas e metodológicas para pensar as relações entre ambiente, economia e sociedade.

elinor ostromEste livro foi um marco importantíssimo para os estudos econômicos ambientais por mostrar, empiricamente, como não existe uma única melhor forma de melhor gestão para a conservação ambiental, afinal, ela trabalhou com inúmeros casos, em continentes diversos e mesmo historicamente dispersos. Li a edição em espanhol (que recomendo) de seu livro e infelizmente até hoje o livro não foi publicado no Brasil.

A Lógica da Pesquisa Científica de Karl Popper

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Algumas semanas atrás, compartilhando alguns caldos de peixe e abarás em Aracaju com Rodrigo, camarada professor da Universidade Federal de Sergipe, relembravamos a época de nossos mestrados/doutorados. E dizia a ele que toda a minha base científica vinha da época do mestrado, especialmente pelo professor da UFPE, Flávio Rezende, que nos mostrou a necessidade da sistematização do pensamento científico e de seu necessário e imprescindível rigor metodológico. A principal leitura (releitura de certa forma) foi a de Karl Popper e seu livro “A Lógica da Pesquisa Científica”. Esse livro me influenciou de tal forma que é a base do que ensino de metodologia para meus e minhas bolsistas de Iniciação Científica. A leitura e debate sobre o capítulo sobre “Falseabilidade” é obrigatória para quem deseja minha orientação.

Poliarquia de Robert Dahl

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Se tratando da área ambiental a leitura de “El Gobierno de los Bienes Comunes” da Elinor Ostrom foi minha melhor referência teórica e metodológica, se tratando de pensar a democracia como um sistema político foi a obra “Poliarquia” de Robert Dahl quem mais me marcou, especialmente por sua clareza de raciocínio e desenho metodológico pertinente por se propor avançar o debate sobre a democracia para além do espectro normativo, possibilitando uma abordagem empiricamente mais consistente (como antes não havia sido feita de maneira tão elegante).

Colapso de Jared Diamond

Colapso Jared Diamond

“Colapso” de Jared Diamond foi um livro que li recentemente, mas que me marcou muito, especialmente por ver que a comparação, enquanto método, é fundamental para avançarmos a Ciência. É claro que já tinha essa dimensão com as leituras de Giovanni Sartori, mas sua dimensão era eminentemente política, já Diamond em “Colapso” nos traz uma dimensão biogeográfica e ambiental da comparação. É um livro fabuloso que me impulsionou a escrever um projeto para o CNPq solicitando financiamento para uma pesquisa sobre os impactos ambientais da mineração. E em perspectiva comparada. Consegui a aprovação e agradeço, indiretamente, a leitura de “Colapso”.

Economia Ecológica de Herman Daly e Joshua Farley

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Ao lado de Elinor Ostrom, Herman Daly é minha maior referência nas pesquisas sobre Economia Ecológica. E a leitura de “Economia Ecológica”, ainda durante meu doutoramento, não foi “preparada” e, verdadeiramente, surgiu durante um momento em que revirava as prateleiras da Livraria Travessa no Rio de Janeiro. Foi um livro que me impressionou de tal forma, que terminei por reaprender (e na verdade, aprender de verdade) o que era Termodinâmica. Entendi como nunca antes como funcionavam os ecossistemas e como a economia era dependente deles e não o contrário. Outro livro que marcou minha forma de ver o mundo e que faço questão de dividir com meus alunos e alunas.

Ensaio sobre a Liberdade de John Stuart Mill

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Ler o “Ensaio sobre a Liberdade” de John Stuart Mill foi umas das melhores experiências intelectuais que tive durante o mestrado e mesmo da vida. Posso seguramente colocar o “Ensaio sobre a Liberdade” de John Stuart Mill como um dos pilares que fundamentam minhas convicções democráticas. Sempre digo que Stuart Mill foi alguém extraordinário por suas convicções políticas (inclusive, Marx o respeitava muito), especialmente quando se trata de falarmos sobre direitos das mulheres. Em “A Sujeição das Mulheres”, ele ataca frontalmente a convicção corrente de que as mulheres seriam naturalmente incapazes de exercer atividades políticas, ele respondia que era por falta de oportunidades (entra aí educação e trabalho, especialmente) que as impedia de se tornarem cidadãs plenas. E ele escreve essa obra em 1869 e imaginem a recepção que teve na Inglaterra. Não foi das melhores. E mesmo assim ele continuou firme em suas convicções. Este é um autor que admiro muito, especialmente por situa-lo em seu contexto histórico.

Poderia agregar diversos outros livros, como “Comunidade e Democracia” de Robert Putnam, “Desenvolvimento como Liberdade” de Amartya Sen, “As Origens do Totalitarismo” de Hannah Arendt, “O Ecologismo dos Pobres” de Martinez Alier e poderíamos ficar posts e posts aqui sem acabar tão cedo.

 

Um pensamento sobre “Meu Top 5,5 de livros científicos

  1. Colapso ❤

    Estudamos muito Jared Diamond na Geografia, pois ele abraça múltiplas questões em suas análises. Armas, Germes e Aço é um daqueles livros que deveriam ser tratados já desde o ensino médio e Colapso tinha que ser leitura obrigatória de vestibular, tamanha é sua importância.

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