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Retrospectiva 2015: o que li, assisti e ouvi em 2015

Acho que há um consenso (ou perto disso pelo Twitter, ao menos) que 2015 foi um ano difícil. Quer dizer, um aninho complicado. As razões para tanto são muitas: o estúpido fla-flu político no Brasil que anda deixando uma grande quantidade de pessoas completamente ignorantes, ao menos no Brasil, o que é sentido primeiramente nas redes sociais e depois na rua ou vice-versa; a agenda conservadora que tentou ser passada goela abaixo no Congresso Nacional pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha e sua tropa parlamentar de canalhas com mandato eletivo; a forma violenta de repressão aos professores e professoras no Paraná pela despreparada Polícia Militar; os casos recorrentes de homo e transfobia no país cujos resultados são diretamente associados à violência e assassinatos, por exemplo, de travestis e transexuais; a tragédia catastrófica em Mariana, Minas Gerais, causada pela ruptura de barragens de rejeitos da mineração, o que causou a maior tragédia ambiental brasileira pela empresa Samarco (cujas sócias majoritárias são a Vale e a BHP) e que ainda não sabemos a real magnitude dos impactos nos ecossistemas locais. Apenas que foi catastrófico para a ecologia e economia locais; etc.

Há muita coisa boa também. Por exemplo, a tipificação do crime de feminicídio pelo Congresso Nacional (um milagre diante dessa bancada conservadora lá instalada), o movimento de resistência de estudantes secundaristas contra o modelo de reorganização escolar “top down” empurrado pelos governos de São Paulo e Goiás, a confirmação de existência de água em estado líquido em Marte, a vacina contra a dengue ser autorizada pela Anvisa ainda em 2015, entre várias outras notícias também boas. De toda forma, o que quero dizer é que 2015 foi um ano sui generis.

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Mas meu intuito aqui é fazer uma retrospectiva do que de bom escutei ou li neste ano de 2015. E digo a vocês, leitoras e leitores do Cabaré das Ideias: foi um ano muito bom para meus olhos e ouvidos!!!!

O Que Ouvi e Li em 2015

Primeiramente, devo começar pela literatura. 2015 foi o ano em que li um dos livros que considero mais densos, fabulosos, difíceis, instigante e provocador: Graça Infinita do David Foster Wallace. Ele se jogou juntou ao meu Top 10 de livros preferidos, figurando ao lado de obras como “A Náusea” do Sartre, “Sidarta” do Herman Hesse, “Todos os homens são mortais” da Simone de Beauvoir, “A Grande Arte” do Rubem Fonseca, “Sobre Heróis e Tumbas” do Ernesto Sábato, “Duna” de Frank Herbert, “O homem do castelo alto” do Philip K. Dick, “Kafka à beira-mar” do Haruki Murakami e “Cem anos de Solidão” de Gabriel Garcia Marquez. Só livro de peso, não é? Pois vale a companhia.

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Mas não foi apenas “Graça Infinita” que me fisgou em 2015, outros livros também o fizeram e recomendo fortemente a leitura. O primeiro deles se chama “Caixa de Pássaros” de Josh Malerman. É um dos melhores livros de horror que já li. Sufocante é digno de estar numa prateleira de melhores livros de horror. Outro livro que li em 2015 e recomendo se chama “Sono” de Haruki Murakami. Um suspense onírico, poderia dizer, e também sufocante (embora de natureza diversa de Caixa de Pássaros), especialmente por se tratar de insônia. Também recomendo a leitura de ABSOLUTAMENTE tudo que encontrarem da Patrícia Melo. Ela foi a melhor descoberta literária de 2015. Seu estilo lembra profundamente o estilo literário visceral de Rubem Fonseca e acho, inclusive, que ela é sua “herdeira” (são amigos, inclusive). Nem sei qual livro recomendar primeiro. Talvez começar por “Acqua Toffana” e dai mergulhar no universo escabroso da literatura de Patrícia Melo. Por fim, o melhor livro científico que li em 2015 se chama “O Nível”, de uma dupla de epidemiologistas chamados Richard Wilkinson e Kate Pickett. Com maestria, os autores apontam como a igualdade de renda e oportunidades são fundamentais para a melhoria de dezenas de outros indicadores, desde econômicos até ambientais e de saúde pública. Excelente!!!

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Sobre filmes e seriados, bom, nesse ano de 2015 minha lista de filmes e seriados foi dominada por mulheres como protagonistas. E isso foi muito bom!

1. Sicário (filme de Dennis Villeneuve, com Emily Blunt e Benício del Toro – magníficos). Certamente este foi meu filme preferido no ano. Atuações espetaculares e uma direção segura fazem desse filme uma ode ao cinema.
2. Mad Max: estrada da Fúria. George Miller retorna ao universo pós apocalíptico que lhe rendeu excelentes filmes na década de 1980. Tanto Max quanto Furiosa estão espetaculares no filme, Max já no Panteão de heróis produzidos no cinema e Furiosa representando muito bem o arquétipo da heroína e se juntando a esse mesmo panteão. Fantásticos!!!
3. Star Wars – Episódio VII: o despertar da Força: nem preciso comentar nada. É sacro.
4. Black Mirror: melhor seriado que vi neste ano e está entre os meus preferidos ao longo da vida. Profundo, irônico, impactante. Nunca vi a tecnologia ser trabalhada, como produto cultural que interfere (pra melhor e pior) na vida individual e social. Fabuloso.
5. Jessica Jones: o Netflix tem produzido séries vinculadas ao universo Marvel e, depois do sucesso de Demolidor, Jessica Jones não deixou a peteca cair. Com uma história forte sobre abuso e violência (em diversos sentidos), bem dirigida é produzida, com um elenco alinhado, essa série foi mais um ganho.
6. Demolidor: sim, finalmente nos livramos daquele filme com Ben Affleck como a “imagem” do Demolidor. Para constar em qualquer lista de nerd de produções top 5 com super heróis.
7. Narcos: a vida de Pablo Escobar dava um filme. Ou uma série. Foi o caso de ambas, mas neste caso, digo da série produzida pelo Netflix e estrelada por Wagner Moura. Assisti na forma de maratona, de tão envolvente que foi bem trabalhada. Ótima!

Já quanto ao que ouvi, a lista não será tão grande. Alguns álbuns entraram no meu gosto sem nenhum esforço para tanto (e de gêneros bem distintos):
1. David Gilmour – Rattle That Lock (2015)
2. The Chemical Brothers – Born in the Echoes (2015)
3. Florence and the Machine – How Big, How Blue, How Beautiful (2015)
4. Ratatat – “MAGNIFIQUE” (2015)
5. Macaco Bong – Macumba Afrocimética (2015)

É claro que nessa lista estão apenas discos lançados esse ano, mas 2015 foi um ano de descobrir muita coisa boa pra ouvir. Minha “yearlist” do Spotify acusou que a banda que mais escutei foi Orbital e foi, sem dúvida nenhuma, uma das melhores descobertas em música eletrônica que fiz nos últimos anos, figurando ao lado de Underworld, The Chemical Brothers e Daft Punk como meu “Quarteto Fantástico” da música eletrônica. Também ouvi bastante “Portico Quartet”, The Cinematic Orchestra, a divina Patrícia Kaas, ouvi bem mais e melhor a minha cantora predileta, Mercedes Sosa, também ouvi muito a cantora Madeleine Peyroux (uma descoberta sensacional), Lorde foi uma cantora que ouvi muito (em seu único disco).

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É isso. Que 2016 nos traga ainda mais descoberta e coisa boa pra ler e ouvir.

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